aprendendo

22 novembro 2020

Fui covidado pra zorra.

Começou assim: sexta 13, final de tarde, meu corpo deu sinal de algo errado. A garganta começou a raspar e uma tossinha seca a cada tanto. Levantei a lebre e fiquei antenado. Sábado de manhã não passou e uma médica auscultou meu pulmão, que estava limpo, entretanto pedi a ela a receita da azitromicina. Como minha filha havia tido suspeita e o médico pneumologista havia lhe receitado como suporte a doenças marginais, segui o roteiro. Comecei a tomar, junto com prednisona, outro remédio que constava da prescrição, à tarde pois minha temperatura foi a 37,5°C. Tomei aspirina C para a febre e para o sangue, por conta. Isolei-me da família, em meu quarto a a partir de então.

Segunda fui ao médico pneumologista, que me examinou e estavam as medições dentro dos parâmetros esperados. Como não tinha falta de ar, solicitou o exame do coranavírus PCR, o do cotonete, e uma radiografia dos pulmões e face e retirou a prednisona que tomava. Tiramos as radiografias de imediato. Minha mulher me acompanhava e também foi examinada e seguiu os mesmo procedimentos de exames. Ela nada sentia.

Terça 17, começou uma leve dor no corpo e um desconforto como uma gripe. 

Quarta 18 fizemos os exames de Covid e prontas as radiografias levei-as ao médico, que as examinou, mediu novamente minha oxigenação e estava tudo normal. Orientou-me que se tratava, aparentemente de um caso leve e que deveria procurá-lo imediatamente caso sentisse falta de ar. Chegou uma canseira pra tudo. Foi-se o apetite, nem jantei, ansiedade nível 100%.

Quinta 19 desapareceram o olfato e o paladar logo de manhã, aparentemente o pior sintoma da doença leve, fora o cansaço. Tomei o último comprimido de antibiótico. Tive diarréia.

Hoje, domingo 22, continuo igual. Temperatura chegando a 37°C a tarde nesses dias. Tomei Tylenol Sinus (paracetamol com pseudoefedrina) para aliviar os desconfortos musculares e a "febrinha". Até 37,5°C não se considera febre ainda. Tomei todos os dias 3g de vitamina C, 15000 UI de vitamina D, aspirina C com suco de limão, gengibre, açafrão, mel e própolis. Mais vários gargarejos diários com Listerine. Por conta.

Perdi cinco quilos desde sexta-feira. O resultado do teste ainda não saiu. Incrivelmente lento para a situação que vivemos. O mundo realmente não está preparado.

De onde isso veio? Não sei. Tomei os cuidados como máscara, distanciamento, não estive em nenhum momento com mais do que quatro ou cinco pessoas distanciadas, com máscaras, álcool gel, lavando as mãos, etc. Achava a probabilidade de contágio baixíssima com isso. Não foi. Me pegou. Distrai-me em algum momento e de alguma forma. confiei na probabilidade, logo ela. Tenho o hábito de tocar o rosto e enfiar o dedo no naso, também. A capacidade de contágio desse vírus é extraordinária ao mesmo tempo que curiosa. Como algumas pessoas pegam e outra não na mesma situação? Isso tem intrigado médico e pesquisadores e ainda não sabemos como, quem sabe um dia.

A devastação psicológica é o pior pra mim. Minha mãe pariu um volume de ansiedade e deu meu nome. A expectativa da próxima respiração, da próxima tosse, da próxima engolida, me extenua de arrancar as últimas energias de vigor que tenho. Sinto vontade de me entregar de vez, sem que a doença tenha feito sequer uma grande ameaça. Em minha mente há uma rotina de exame corporal que nem um escaneamento tomográfico faz. Sinto cada célula gritando socorro.

Cuidem-se. Não deseje isso pra você nem pra ninguém. Não desafie isso. Não dissemine, ajude a combater. Informe quem possa. Não é uma questão de crença, em acreditar ou não, é fato. É científico. É real.