aprendendo

05 fevereiro 2011

Enfiei o dedo no ...


De novo na quitanda ou no supermercado enfiei o dedo no tomate mole.
Já repararam nisso? Por acaso quando você compra uma lata de cerveja fica olhando se não está podre ou se está furada com bichinhos? Não. Porque as coisas de quitanda você tem que escolher pra não levar coisa estragada pra casa? Penso ser uma coisa cultural. Certas coisas que, como a lata de cerveja, surgiram com o mundo industrial, circunstancialmente optamos por não aceitar, ou pelo menos contestar, produtos com defeito e coisas que desde sempre apanhamos ou plantamos aceitamos o que a natureza nos dá. E ficamos assim: aceitamos naturalmente que dentro dos supermercados e quitandas as frutas, legumes e verduras tenham defeitos e que tenhamos de escolhê-las, fazendo um serviço que o prestador de serviços deveria fazer para nós, já incluso no preço. Ou você acha que eles não rateiam nos preços as perdas, os refugos que ficam ao final, a famosa xepa. Isso é um viés de percepção, muito provavelmente um viés de disponibilidade*. O princípio que a sociedade industrial criou de aceitação de defeitos deveria se transferir para a quitanda, pois o negócio dos donos de supermercados e quitandas é dinheiro, tem pensamento da sociedade industrial, não a ingenuidade e a compaixão de clientes, e se aproveitam disso descaradamente. Cada vez que troquei uma lâmpada para um cliente pensara nisso: que cruel era meu ramo, os clientes não aceitam que uma lâmpada se queime dentro do prazo de garantia e vem trocar e, no entanto continuam enfiando o dedo dentro dos tomates nas quitandas por aí.

* Viés de disponibilidade: A tendência das pessoas julgarem as coisas com base nas informações mais facilmente disponíveis. Eventos que despertam emoções, particularmente vividos ou que ocorrem mais recentemente tendem a estar mais disponíveis em nossa memória. O comportamento das pessoas baseia-se na sua percepção da realidade, e não da realidade em si.

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