aprendendo

11 agosto 2010

Culto a mediocridade

Quando menino e adolescente fui discriminado como sendo uma espécie de CDF, coisa que não me achava ou era, mas que me marcou muito e só por gostar de ler sobre coisas que tinha muita curiosidade. Coincidentemente certas coisas eram matérias escolares, como matemática e física. Lia e acabava indo bem na escola em conseqüência desse gosto por saber das coisas. Desde que me conheço por gente tive esse hábito de procurar saber. Acabei criando uma carapuça protetora contra pessoas que me segregavam quanto a isso. Acabei sendo preconceituoso com pessoas que não gostavam das coisas que eu gostava e acabei extrapolando para as que não gostavam de saber sobre qualquer coisa que fosse para melhorar seu saber. Isso se mantem até hoje, embora eu saiba reconhecer as diferenças e os motivos das diferenças entre nós todos. Cada um dá valor ao que lhe convém dar e é assim que é.
Há tempo que notara em mim uma certa inquietação que acabava me incomodando com as canções, se é que posso chamar de canções, bregas, sertanejas sem ser do sertão, pagodes ser ser samba, e outras mais. O ritmo não era o que me incomodava, mas as letras. E isso foi até que me dei conta plenamente que, de fato, não suporto. De onde veio isso?  Começou de leve e agora isso parece-me estar se tornando um culto muito acentuado em nosso país. Letras horríveis em muitos sentidos. Parece que se adotou a filosofia do quanto pior melhor, mais engraçado, mais valoroso. As pessoas que emergiram das classes menos favorecidas com a política econômica recente parecem não terem sido orientadas ou direcionadas no sentido de uma cultura que me agrade. E isso é pessoal, não digo que vale pra todos. Não afirmo também que nosso presidente, que não tem muita escola no currículo tenha culpa, mas tem um grande carisma e pode ter servido de ídolo, como quem não é culto, mas chegou ao máximo posto da nação. Serve como incentivo, talvez, a essa postura ordinária e vulgar. É cada vez mais difícil convencer um jovem a não beber. As gostosas das propagandas da TV só dão para os bêbados. Beber cerveja é cult. Você não bebe é babaca. Vê-se muita gente de gravata e não sabe o nome do governador do Estado ou mesmo do prefeito. Não fazem a menor idéia do que sejam os poderes judiciários, legislativos e executivos. Teve acesso a gravata, mas não ao conhecimento que essa gravata supostamente implica. A escola precisa de polícia para funcionar. Pais e mães culpam os professores em vez de colaborar com a educação, cada vez pior. Enquanto paises, que considerávamos "piores" que o nosso, têm internet com banda larga nas escolas, nossas empresas e universidades não têm. Aqui cultuamos a bunda larga. Generalizo, mas não é o caso. É somente a maioria, oras!!! Cada vez mais me aborreço com os assuntos. Não consigo dizer que gosto de bossa-nova pra ninguém. Jazz nem pensar. O que é isso? Fico restrito a poucos. Saber de um livro bom? Só na internet nas redes sociais virtuais. Há praticamente uma única livraria em Jaú, cidade com faculdade de Direito e Letras. Nem sei se as cidades menores vizinhas têm. Alguém pode me dizer onde há sarau? Aposto que só quem lê pode saber. Fora esses três por cento de gente, talvez ninguém mais saiba o que é. No trânsito não se encontra santos, muito menos motoristas que respeitem quaquer regra. Pareço pedante, que sou uma cultura só, escrevendo essas coisas? No entanto me considero mui pequeno, e menor ainda em relação aos que admiro. Uma distância que daria muito de mim para diminuir, entretanto, vejo o povo ainda mais distante deles do que nunca. Uma mediocridade espalhada por toda sociedade. É só olhar para os candidatos disponíveis para eleição. Médicos que não conhecem doenças ou remédios básicos, engenheiros que não sabem aritmética, advogados que não sabem escrever, jornalistas que só noticiam crimes, não redigem um texto que me de vontade de ler. As pessoas só conversam o que se passa nas novelas ou telejornais e não mais que isso. Deveríamos fundar uma escola de samba chamada "Império da Mediocridade". Ganharia fácil com milhões de integrantes. O que será que aconteceu com aquele país que eu nasci? Ou será que fiquei demasiadamente exigente?!

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